Friday, May 23, 2008

pedintes e moralismos outra vez

O metro é um lugar social. Uma senhora de 60 anos, na moda (uma permanente eighties), diz ao pequeno pedinte, "tu tens é de ir para a escola" e ele, "mas hoje é feriado", e ela, "ahn, não me interessa, não devias andar aqui a pedir". Ele e o irmão mudaram de carruagem e ouve-se o acordeão desafinado ao fundo. (eu também queria que ele andasse na escola e que não andasse há anos a juntar raivas contra pessoas que não olham, não dão, não nada)
E desde a Alameda até ao Campo Grande, veio a falar comigo, mal me deixando intervir, sobre os falsos pedintes, e que há uma senhora no Rossio que é deixada pela filha todos os dias a pedir e que a filha é bancária, e que há outro que dá cabo das crostas da perna, "nem sei como é que ele ainda não teve uma infecção", e eu só tive tempo, entre Alvalade e o Campo Grande, de deixar no ar uma pergunta fraquinha perante a impotência em resolver este incómodo dos metros e das ruas. o que é pior, perguntei, pobres que roubam ou ricos que roubam?

No comments: