Friday, February 27, 2009

harpa


harpa tocada vista de frente (e ao longe): um músico com uma grande língua de fora a dizer coisas nas cordas sem se calar. (na imagem é o xavier de maistre que foi tocar à gulbenkian)

Wednesday, February 25, 2009

aumentando uma frase do saramago

as coisas só são novas para as pessoas porque as pessoas aprendem-nas pela primeira vez. de resto, as coisas sempre existiram iguais e não há nelas novidade. a novidade é de cada um porque cada um é novo e pode ver cada coisa em primeiro lugar.

Wednesday, February 18, 2009

azul cobalto

expectativa azul cobalto, ou indigo, de qualquer forma um azul bonito, o do lenço que trazias ao pescoço. destemido, directo. a expectativa tem a cor azul da índia. além disso, parece que gosto da (que me parece ser a) tua perspectiva do espaço. como se a importância do vazio correspondesse à importância do silêncio. não sei.

tabacaria

reli a tabacaria há uns dias. e depois reli outra vez. e outra vez e outra vez e não me cansei. gosto muito de todas as partes mas a dos chocolates parece aproximar Álvaro de Campos do Alberto Caeiro: não há metáfora para além dos chocolates. a parte do génio também é muito boa para os momentos de dúvida sobre mudar de trabalho para nos dedicarmos às artes. e mesmo assim deixa-nos na dúvida sobre isso porque a sensação no fim do poema é que de facto os poetas vêm ao mundo para os ateus terem como rezar. e o dia dos meus anos? os primos diferentes... há alguma melhor imagem/expressão do que os primos diferentes? como é pessimista e tranquilizante ao mesmo tempo! e, ler logo de seguida uma parte do guardador de rebanhos, é ficar descansada sobre as sensações que se têm relativamente às atitudes (pós-modernas?)

Tuesday, February 17, 2009

esplanada da Graça

está sol e tenho de franzir a testa para manter os olhos abertos. a esplanada está cheia porque todos precisam de secar a humidade que se entranhou por causa da chuva continuada do inverno. é ainda inverno - falta mais de um mês para a primavera, mas o ambiente de carnaval foi antecipado proque o sol veio de repente, com a lua cheia (tal como previ num impulso optimista) e parece até que houve um eclipse. se havia dúvidas para a influência dos elementos nas pessoas, a resposta está nesta semana que passou em lisboa, com a fúria do sonho e das vontades, em amálgama.
mais coisas que fizeram desta semana isso mesmo: na sexta-feira dia 13, um dia propício ao assumir das superstições, as de azar sobretudo mas também as de sorte, que gerou a expectativa inevitável quanto ao que aconteceria numa sexta-feira primeira de sol e de lua, há dois ou três dias a reinar sobre a novamente branca lisboa, uma sexta-feira véspera de dia do santo dos namorados, que ninguém liga mas está em todo o lado a falar de mãos dadas, dos beijos e tudo.
por isso, com ninguém ligando a nada, nem sequer à importância da lua cheia e da vinda ansiada do sol, com este ninguém ligando a nada, sairam todos, e todos se encontraram e todos quiseram cantar e dizer tudo a fingir que não sabiam porquê.
assim se passou a semana mais importante do ano, num mês normalmente insignificante, o que importa é que a semana tenha sido devidamente honrada com as catarses necessárias e que se tenham cumprido as coisas em suspense e que as estações se tivessem trocado momentaneamente todas para dar a sensação do mundo todo na cidade.