Tuesday, February 19, 2008

barrancos 1991

o passado é um país estrangeiro, disse alguém com grande sabedoria. visitar o passado nem sempre é mau. parece haver uma mania anti-nostálgica... é verdade que não regressar desse país é demais - como é demais imaginar muito o futuro.
finalmente dei-me um visto no passaporte para visitar esse país. lá, ando de terra em terra em poucos segundos.

há 17 anos fiz o meu primeiro mini-trabalho de campo etnográfico. em barrancos. estava apaixonada, por isso não me lembro do frio. o sting tinha editado um album a solo, que eu ouvia sistematicamente - fields of barley era o que tinha pela frente, enquanto apanhava vento numa boleia de pick up da amareleja para barrancos. levávamos dois rolos de fotos a preto e branco e um a cores. os a preto e branco foram à vida. a meio dos três curtos dias, vieram ter connosco dois amigos que iam fazer rapel pró castelo de noudar. só visto. nós não vimos, porque estávamos a entrevistar alguém. eles deixaram-nos um recado malicioso junto dos sacos-cama, como quem diz, "pois, pois, trabalho de campo e tal...", um papel cheio de desenhos e indirectas. onde está? para que saibam, era só mesmo trabalho de campo
(mas tanto o trabalho como as noites em directa a ouvir o meu parceiro dormir tornarar-se-iam pequenas regiões do passado para visitar com calma)

ao terceiro dia, levaram-me um pão doce para o pequeno-almoço, mas dali a meia-hora estávamos a re-experimentar a hospitalidade dos barranquenhos com uma mine matutina. nos dias anteriores, levaram-nos de pick up a todo o lado - aos fornos de tijolo, de carvão, de cal; à pedreira de xisto rosa; às obras em casas que levavam o precioso xisto. mostrávamos as nossas filmagens nos bombeiros, que nos tinham dado guarida. vimos montanhas de azeitonas por comer, soubemos de histórias locais, contaram-nos sobre os touros, mostrando a praça quadrada, e sobre passar a fronteira a salto com café às costas.

é bom poder visitar esse país, repescar as sensações, os cheiros (estevas!), mesmo sem fotos a preto e branco.

Friday, February 15, 2008

o mel é a luz do sol materializada*


*esta ideia está no Meia-noite ou o princípio do mundo, do Zimler (sim, ainda não enjoei)

Thursday, February 07, 2008

ode ao sol e ao sal

provérbio: "nada mais é útil do que o sal e o sol"
alguém me disse um dia: comer uma rodela de ananás é como comer uma fatia de sol
e agora lembrei-me, o sal é um sinal de mar e do mar