Já há mais de cinco anos que não lia um livro de Saramago. Depois do Ensaio da Cegueira, que me pôs num pranto exactamente a meio do livro mas que me trouxe a felicidade de sentir mais enquanto lia, não consegui ler mais nada dele, porque nenhum começo me trazia expectativa de um sentimento semelhante.
O número de páginas (menos de 200) e o título, e a maestrina (como se chama?) a dizer que gostaria de fazer deste livro uma ópera, fizeram-me ler As intermitências da Morte.
Não é sobre a morte, afinal. Até é, mas não como imaginamos pelo título. Mais perto dela do que antes, imaginei que Saramago cairia na tentação de experimentar reflectir sobre a proximidade dos velhos com a morte. Também lá está, mas este livro é sobre a vida e sobre o amor.
Quase no final do livro comecei a ouvir tocar uma música na parte de trás da cabeça. Quando a leitura faz sentir mais, descanso finalmente sobre a impossibilidade de viver tudo. E quando Saramago põe cães nos romances, este sentir está quase garantido. E fico a gostar mais de cães, mesmo com medo.
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1 comment:
Um grande bem haja ao mestre literário (apesar dos seus devaneios próprios da idade...)
Um abraço felino,
Zorbas
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