Wednesday, April 29, 2009
comboio para sul
estou entre paisagens antagónicas a andar de comboio. a leste, tenho bairros sociais recentes mas degradados, esqueceram-se das infraestruturas como quem diz que se esqueceram das pessoas que iam para lá morar. a oeste tenho paisagens novinhas em folha, fresquinhas como são os jornais e o pão. como podem duas paisagens a partir do mesmo comboio ser tão díspares? escolho sentar-me na janela das paisagens velhas-novas já que há muitos lugares livres, mas vou ter de ir alternando os lugares de um lado e do outro. não se pode deixar de ver tudo, por isso fecho os olhos por um momento. as paisagens dentro dos olhos são definitivamente antigas, estão na parte de trás da cabeça, acalmam-me e acentuam sentimentos à vez. levanto-me para ir ao fim da carruagem olhar para norte (sempre gostei de saber onde estavam os pontos cardeais), mas fico tonta com as direcções. sento-me no degrau em direcção a leste e ouço melhor os carris. há uma vertigem apenas suficiente para sentir a adrenalina da possibilidade de saltar. volto para dentro de olhos abertos.
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