Monday, July 20, 2009
a serra é a luz suficiente
as minas da serra de sintra continuam nos seus lugares. atravessam montes, ligam-se entre si no meio dos verdes e das árvores, tudo cheio de metáforas como sempre. são árvores duplas como duas pessoas, a dançar ao vento, ou a conversarem, a maior parte do tempo em silêncio. é a terra remexida, por baixo tem raizes, às vezes tem lixo, mas a terra é mesmo assim, esconde tesouros e às vezes não esconde nada. mas cheira sempre bem, nas mãos. a terra da serra são camadas e camadas como as pessoas e as cebolas, camadas macias que sujam as mãos e deleitam as costas. é o quase frio dos fins de tarde de verão, com muito mais humidade do que no resto do mundo imperfeito. são as folhas das árvores em lusco-fusco, com raios certeiros no meio, é a luz suficiente. a serra é a luz suficiente. vi o caminho para a peninha, quem vem do cabo do mundo, as heras, os novos mosqueiros que pararam no tempo, as minas, as flores pequeninas e as amoras à espera de setembro. o invasor pitosporo que dá mais de metade do cheiro da serra. reparei nas entradas gratis para a pena. comi metade de um pacote de queijadas. há caminhos que já não sei onde começam porque os mudaram e porque não me lembro. anda-se a pé com o ruído dos passos no solo ora oco ora crocante. para trás os caminhos desaparecem como nos contos fantásticos. para diante os caminhos são iguais e novos à vez.
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