Monday, July 27, 2009
Barcos, flamingos e uma excursão de gaivotas
Há um cemitério de barcos no mar da palha. E uma colónia de flamingos. Há uma excursão diária de gaivotas que vem do cabo carvoeiro para o Tejo. Tudo conflui nos fins de tarde de verão. Correntes de mar e de silêncio de aves budistas, que flectem delicadamente a perna e permanecem elegantes sobre o lodo fértil da maré vazia. Os barcos no mar da palha, lá em baixo, fazem lembrar os contos debaixo de água do Garcia Marquez, cenas fantásticas com sons marinhos e cenas oníricas de que se acorda de repente, no tabuleiro da ponte, a 100 à hora. Os candeeiros da ponte são elegantes como os flamingos. E as pessoas nos carros estão felizes e tristes por regressar do sul e das praias, coradas e quase despidas, e ouvem os seus sons preferidos nos rádios e olham distraidamente para as outras pessoas que vão nos outros carros. As gaivotas vêm de sul e os flamingos permanecem na margem sul do Tejo, e nem todos os olhos que vão nos carros os vêem. O verão tem só um ponto cardeal. Mesmo olhando para poente, é sempre de sul que se olha. As gaivotas sobem pela estrada aérea que acompanha a arriba fóssil olhando para o mar. A excursão de gaivotas é grande, a perder de vista. Vão em bandos de dúzias e chegam aos milhares ao mar da palha para velar os barcos.
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