Friday, April 28, 2006

já tenho gás


1003 euros depois, já tenho gás.
eu sou muito papalva, por isso, acho que é necessário guardar aqui algumas indicações para não me esquecer se alguém precisar.
primeiro que tudo: perguntar aos proprietários anteriores se está tudo bem com o gás ou se estão previstas obras no prédio incluindo a coluna de gás. neste segundo caso, é bom apenas mudar o contrato do gás quando as obras forem feitas e no caso de o anterior proprietário o permitir.
na primeira vistoria, se houver fugas: perguntar que tipo de fuga é, se é do contador para dentro ou do contador para fora ou ambas, para poder explicar bem ao canalizador que for lá fazer a obra, pois nem sempre os canalizadores sabem ler os valores e os gatafunhos explicativos da Lisboa gás no relatório que fazem... porque se não, pode dar-se o caso de o canalizador ver apenas a fuga para dentro, uma vez que não é suposto que mexa no selo (do contador para fora) e às vezes, não vê essa fuga. o ideal seria que o canalizador estivesse presente no acto da vistoria. o problema é que a vistoria faz-se em intervalos de 2 horas, e o canalizador não está duas horas plantado numa casa à espera da vistoria, a menos que lhe paguem.
Tentar perceber se é mesmo preciso fazer uma obra ou se se pode mandar colocarum produto na tubagem, que fica muito mais barato, embora seja provisório (disseram-me, infelizmente depois de eu ter feito as obras, que custa cerca de 270 €).
Se a obra completa for mesmo necessária, fica em cerca de 800 a 900€. há que contar com pelo menos 2 vistorias no caso de fuga. cada vistoria são 34€, pagos a uma empresa subvencionada pela Lisboa gás. há ainda que contar com o contrato da Lisboa gás, que são 50€, que surgem na primeira conta de gás.
Apontamento ecológico: quando a Lisboa gás fizer o teste de CO, há que pedir para abrir a torneira da banheira em vez da torneira do lava loiças, uma vez que a água da banheira sempre se pode utilizar depois (o teste demora 10 longos minutos)
Há que contar, finalmente, com o paternalismo e possíveis tentativas de enganos próprios da dominação masculina e, por isso, fazer uma sessãozinha de ioga antes das vistorias.

Wednesday, April 12, 2006

não lugar


finalmente percebo bem o que é um não lugar. depois de discordar com augé, quando exemplifica os não lugares com aeroportos, começo a achar, mais de 10 anos depois, que os não lugares sempre existem.

a realidade:
estou a mudar de casa. fiz mudanças há três dias, para uma casa que escolhi, cujas obras estão a demorar mais do que o previsto. Resumindo, sou uma 'pintora' optimista que acreditava que pintar de branco por cima de cores claras apenas requeria uma demão. Felizmente não sou perfeccionista, e tenho deixado as zonas que pintei com cores bonitas com um ar 'rústico' (leia-se uma demão). entretanto, tenho dormido num quarto quase sem nada, há três dias atulhado, que agora faz eco. estantes vazias de livros, de arquivos, de caixas e de tralhas femininas. o quarto parece maior, mais alto. durmo no colchão, já sem a cama (talvez assim os fantasmas não tenham onde se esconder).

a teoria sobre esta realidade:
os não lugares são espaços que habitamos sem identidades próprias, ou a que lhes retiraram a identidade. são passíveis de encher.

síntese:
o quarto na que já chamo 'casa antiga' é um não lugar. na 'casa nova' está tudo por arrumar. há uma expectativa sem nome, porque espero por coisas que acontecerão à medida da vida da casa.

Tuesday, April 04, 2006

a mãos de Sophia

'Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias'

(talvez os poetas venham ao mundo para os ateus terem como rezar)

Tuesday, March 28, 2006

é qualquer coisa entre isto e isto



na próxima
quinta-feira
vou assinar
a escritura.
aqui vão as
fotos
aproximadas

Friday, March 24, 2006

Tuesday, March 21, 2006

querqusfilia no dia da árvore


quando não tens braços a quem te abraçares, abraça-te a um carvalho. coça-lhe a casca, sente-lhe o cheiro junto ao chão; esmaga uma folha e inspira como se fumasses; deita-te a seu lado olhando para o pouco espaço entre as folhas e deixa-te ficar

Monday, March 13, 2006

primavera de botticelli

presto a minha devoção à primavera

chegou o tempo da manga curta
de arrumar o ventilador de ar quente,
de trazer do mofo as saias
de guardar cachecois, gorros e luvas

chegou o tempo dos cheiros acres
das flores quase a abrir
e com ele, as paixões novas,
por estrear (ou repetir)

a partir de agora
contagens decrescentes para
- os jacarandás, as cerejas, os figos
- os primeiros banhos - de mar, de sol, de lua
- dormir nua, andar descalça na cozinha, não usar secador
- mudar a hora e ser sempre cedo

Wednesday, March 01, 2006

alentejo - o meu ioga



4 dias a descansar os olhos na paisagem substituem a meditação. os coentros, que temperam tudo, valem por mil exercícios de respiração

Tuesday, February 21, 2006

Agostinho da Silva


“Não sou do ortodoxo nem do heterodoxo; cada um deles só exprime metade da vida, sou do paradoxo que a contém no total” – “Pensamento à Solta”

Thursday, December 29, 2005

este ano tive a melhor prenda de todas

há um nascer do sol quando tiras o elástico do cabelo,
a lua fica cheia quando sorris,
e quando ris parece haver mil crianças às gargalhadas.
quando danças és uma gaivota a brincar com o vento
e quando dormes és um gato enroscado.
mas há mais:
trazes sempre o mundo nos olhos,
não tens medo de sentir,
nunca esperas por sonhar.

Tuesday, November 22, 2005

o concerto

na música podemos estar calados. na música podemos fechar os olhos e descansar a memória nos melhores momentos e nos sítios visitados mais bonitos. podemos estar rodeados de pessoas, mas ninguém nos pergunta nada.
no concerto há o saber que ao lado estão pessoas como nós, que gostam dos mesmos sons. às vezes não sabemos mais nada dessas pessoas.
há dias estive num concerto onde a música era parecida com a música que aparece nos sonhos. as luzes parece que foram estudadas para isso.
foi tudo um sonho, mesmo. chovia cântaros lá fora. o lá dentro era a sala mais linda (uma sala de sonho para qualquer artista), composta como dantes quando ali havia circo. e no lá dentro era como estar num quarto escuro, sem jogo. só para estar mais perto do silêncio e do sonho.

Friday, October 14, 2005

tempo

o tempo é grande como uma seara a perder de vista
pode até ser pouco tempo
mas parece ser o tempo todo.
por ser grande, o tempo, é quase temível
não se pode abarcar.
só abraçar e apertar como
se o tempo fosse pouco.
mas o tempo diz
que tem o tempo todo
sorri e diz
para não gastar o tempo todo de uma vez.

diante de tanto tempo
ficamos sem rede
e sem rédeas

Monday, October 10, 2005

gracias a tu cuerpo d'hoy por haberme esperado
tuve que perderme pa llegar hasta tu lado (bis)

gracias a tus brazos d'hoy por haberme alcanzado
tuve que alejarme pa llegar hasta tu lado (bis)

gracias a tus manos d'hoy por haberme aguantado
tuve que quemarme pa llegar hasta tu lado (bis)

Llasa

Friday, October 07, 2005

Zimler

"Talvez o amor não possa deixar de olhar em frente", Richar Zimler, 2005, Goa ou o Guardião da Aurora":26

Tuesday, September 27, 2005

Filtro

É sempre surpreendente a luz de Setembro ao fim da tarde (esqueço-me que ela existe de ano para ano, mas volta). É um filtro ocre e rosa velho que tolda os olhares (parecem saudosos). Apela a jantares demorados (mediterrânicos, de preferência). As paisagens ficam maiores porque o sol se demora a pôr (é o Verão mesmo a despedir-se).
Uma mão cheia de clichés não faz mal a ninguém – conforta os sentimentos comuns.

Thursday, August 25, 2005

uma água com gás

volta e meia quero tudo e não quero nada (somos todos assim não é?). as hesitações multiplicam-se e quando damos conta, já decidimos uma coisa qualquer, que parece que não foi nada decidida. neste momento, o que queria era não querer nada, não desejar nada, e talvez esteja mesmo perto.
por favor, uma água com gás para o enjoo de querer demasiadas coisas. por favor, um pouco mais de tempo ocupado com coisas, para não deixar o pensamento a fazer o que quer. por favor, mais rédeas para a imaginação (nem me atrevo, mesmo anonima - anemona).
(que esta mudança de tempo traga objectividade).

e agora, um bocadinho de pseudo-charme:
é que, como diz a adriana, "em vez de alcool forte, pede água perrier".

Sunday, August 07, 2005

enlace

dançaram por uma vez
amando os passos
percebendo ritmos
habituando braços

dançaram por uma vez
sem medo de si
sem pensar
sem tentar perceber

dançaram por uma vez
como se fossem um
como se fossem mil

dançaram por uma vez
num palco comum
num enlace sem volta

Wednesday, July 20, 2005

...

e os pássaros já estão a voar, a voar, a voar...

Tuesday, June 28, 2005

fronteira

hoy vuelvo a la frontera
otra vez he de atravesar
es el viento que me manda
que me empurra a la frontera
y que borra el camino
que detras desaparece

me arrastro bajo el cielo
y las nuves del invierno
es el viento que las manda
no hay nadie que las pare
a veces combate despiedado
a veces baila
a veces nada

hoy cruzo la frontera
bajo el cielo, bajo el cielo
es el viento que me manda
bajo el cielo de acero
soy el punto negro que anda
a las orillas de la suerte

Llasa